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 só que o salário mínimo teve aumento real nesse período (tanto em dolar, como em relação a inflação), então utilizar ele como base é equivocado. Você está usando um índice artificial que não representa o poder de compra da moeda para reajustar o poder de compra da moeda. 
 @girinovey ;

Em dois países, em um dado momento, as pessoas ganham igualmente 100 unidades monetárias, cada, em média; e o preço da picanha é 1 unidade o Kg. 3 décadas após, os países tomaram rumos diferentes. No A, a picanha custa 1,5  unidades monetárias o Kg, e, no B, 1,2 unidades. Todavia, enquanto no país A as pessoas estão ganhando, em média, 150 unidades monetárias, no B, a renda média é 110. Em qual país tu preferiria estar?

Falando de poder de compra DA MOEDA, no país A, houve uma desvalorização de 50% no período, contra só 20% no B. Mas, por outro lado, enquanto as pessoas do país A tem uma renda média 50% maior, esse aumento foi só de 10% no B. Assim, falando em poder de compra DAS PESSOAS, o país A manteve o mesmo padrão, pois o aumento da renda compensou a desvalorização da moeda. Já no B, houve uma diminuição na razão de 1- 1.1/1.2, o que é aproximadamente 9.1%.

No contexto do teu comentário, todos esses comparativos de antes/depois referente ao poder DA MOEDA, ao meu ver, senão forem ponderados em relação ao poder de compra DAS PESSOAS, já que, o que importa, em última instância, não é o que UMA UNIDADE MONETÁRIA PODE COMPRAR de bens e serviços, mas sim, o que UMA PESSOA PODE COMPRAR de bens e serviços, a não ser que tu prefira estar no país B ao invés do A.

No contexto do meu comentário, perceba que eu não foco no poder de compra DA MOEDA, mas DAS PESSOAS e, nesse aspecto, por mais defeitos que o Salário Mínimo possua em sua atuação como proxy do poder de compra DAS PESSOAS, certamente ele é muito melhor do que a unidade monetária expressa nominalmente, como esse tipo de postagem dá a entender.

Por fim, matematicamente, na hipótese de o salário mínimo ter se valorizado artificalmente mais que as variáveis reais da economia, isso só corroboraria com o meu argumento, já que, como estou utilizando o salário mínimo apenas como unidade de comparação (X salários mínimos), eu o faço dividindo os valores nominais pelo valor do salário mínimo. Dessa forma, hoje, eu estaria dividindo os valores nominais por um denominador que, conforme tu mesmo disse, é artificialmente mais alto do que deveria. Ora, se ele, um denominador, deveria ser menor, então, o que ganharíamos hoje em termos de salários mínimos deveria ser mais, Assim, a conclusão de que estamos 17% mais pobres seria atenuada por um percentual menor do que 17%... ou, talvez, revertida para um aumento do poder aquisitivo DAS PESSOAS. 
 você está comparando o pode de compra médio das pessoas com o poder de compra do salário mínimo, ou seja, está apenas identificando  o aumento real do salário mínimo, e não comparando poder de compra. Salário mínimo não é um proxy para o poder de compra, porque é um número arbitrário fixado pelo governo. 
 @girinovey ;

Me diga, na tua crença, quanto diminuiu o poder de compra da moeda entre 96 e 2022. Para fins pedagógicos, 100 BRL de 96 seria quanto em 2022? 
 eu sou ateu 
 Na tua ciência praxeológica, 100 BRLs de 1996, seria quanto hoje? 
 se vc quiser discutir, sem  ser passivo agressivo, estou a disposição. Se quiser apenas impor sua "crença", vai procurar suas negas, que eu não tenho paciencia pra infantilidade! 
 Não estou sendo infantil. Ser ateu, até onde eu sei, significa acreditar que tudo pode ser explicado por intermédio da ciência e de métodos equivalentes. Sendo a praxeologia a metodologia adequada para compreender os fenômenos da ação humana de acordo com a Escola Austríaca. Uma vez que tu és ateu e, presumo, adepto da Escola Austríaca, conclui-se que acreditas que a praxeologia é adequada para compreender os fenômenos da economia, que é uma ação humana.

Diante disso, reformulei a questão apenas. Cometi algum erro?

Se cometi, de antemão, me desculpe. O importante é eu obter a premissa de quanto vale 100BRLs de 1996. 
 Se fazer de desentendido é uma forma de ser passivo agressivo também. por favor, só pare. 

Considerando que vc não está fazendo isso por malícia, mas por estar acostumado a discutir assim, aqui vai a dica principal: considere seu interlocutor como um igual e fale com ele de igual para igual ao inves de menosprezar o interlocutor e suas falas antes mesmo de começar a escrever. 
 Eu não estou sendo passivo agressivo e nem tampouco te menosprezando, desculpe qualquer desconforto. Eu só preciso de um número para conseguirmos avançar no debate. 
 par ao bem estar da discussão vou ignorar o uso da palavra "crença" ali em cima.

Mas vamos lá, como todo mundo já disse, inclusive você, comprar o valor de 100 reais não faz o menor sentido. O poder de compra do brasileiro médio mudou nesse período. Então fiz uma comparação entre os salários médios e medianos (estimados pelo chat GPT, podem estar errados) entre 1998 e 2023 (ele nao tem dados de 2024). Usei 3 índices que permitem estimar o poder de compra desses salários medios: IPCA, ouro e o preço do pão de 50g (esse é o índice usado pelo adam smith no seu "riqueza das nações", e me parece um indice apropriado, apesar que no brasil talvez o preço do arroz e do feijão fossem mais apropriados, vou tentar depois)

Em qualquer dessas métricas temos uma perda de poder aquisitivo real, sendo a menor com o IPCA (24 a 28%) e a maior com o ouro (88%)



https://nostrcheck.me/media/3ffac3a6c859eaaa8cdddb2c7002a6e10b33efeb92d025b14ead6f8a2d656657/3396707e662ad7f5a282c6d8cc30e50c56e9f27ff221bcc4e32c6d8836f92d6a.webp 
 por outro lado o salário mínimo (indice que vc usou) teve aumento real em 2 dos 3 índices. O que demonstra claramente que o salário mínimo não é uma medida apropriada para mensurar o poder de compra do brasileiro médio.


https://nostrcheck.me/media/3ffac3a6c859eaaa8cdddb2c7002a6e10b33efeb92d025b14ead6f8a2d656657/d26acd4a3b2bd36e68540e6fc6f198255a05b0e541cbf42988f550b61231e8e2.webp 
 @girinovey , eu preciso que você escolha um apenas, por favor. Você usou o ChatGTP, mas para facilitar, já que reconhece alguma dessas formas de correção, basta escolher um deles que eu faço o "trabalho sujo" aqui. Pode deixar que eu deixo as fontes. Chat GPT é ótimo em falar bem, mas não em falar certo.

Ouro ou IPCA? Só peço para não escolher o pão por que temo não encontrar dado disponível. 
 velho, não faço idéia do que vc quer. então escolhe você. O mais correto, na minha visão é o preço do pão. mas pode usar da cesta básica (que é um indice econômico acompanhado pelo dieese, então deve ter dados a vontade), o use quiser, use o indice big mac (medido pelo "the economist"). No final tanto faz, a exceção do ouro, vc vai ter ganho real do salário mínimo em relação ao indice, enquanto o salário médio e mediano tem perdas reais em relação ao índice, 
 @girinovey ;

Voltando no fio principal, diante da tua escolha do pão como proxy do poder de compra DAS PESSOAS, eu achei que, em 1994, uma unidade de pão custava R$ 0,09 e, em 2022, custava R$ 0,85[1]. Na minha postagem original, eu estava comparando 96 como 2022, mas eu vou pegar esse dado de 94, pois não vai haver prejuízo e, sim, vantagem para a tua posição, pois houve inflação entre 94 e 96, logo, estou pegando o dado aumentado.

Agora vamos esquecer o salário mínimo, pois o trocamos pelo pãozinho, e dividindo nosso PIB de 885B pelos 102M de pessoas economicamente ativas em 96, teremos uma renda média anual de 8.7 K BRL, o que compra 96.7 K pães. Fazendo o mesmo para 2022, temos que 10T divididos por 131M dá uma renda média anual de 76.3 K BRL, o que compra 89,7 K pãezinhos. Isso é um empobrecimento? Sim. Mas de pouco mais de 7%, então, menos ainda do que os 17% que eu tinha calculado antes e o que confirma o que tinha dito na minha primeira tréplica.

Concluindo, embora o poder de compra DA MOEDA tenha diminuido, nossa renda média nominal aumentou. Não compensou, mas o empobrecimento do poder de compra DAS PESSOAS foi de 7%. Logo, reafirmo que não estamos tão mais pobres assim quanto esse tipo de postagem costuma sugerir, isto é: 80... 90% mais pobres, pois o poder de compra DA MOEDA não é, em última instância, o poder de compra DAS PESSOAS, a menos que elas ganhem, nominalmente, a mesma coisa. 

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FONTE:
[1] https://www.agazeta.com.br/es/economia/quanto-que-r-1-comprava-de-pao-ha-28-anos-e-quanto-paga-hoje-1022 
 Outra métrica que vc não pode usar é o PIB, por dois motivos: 
1- a desigualdade aumentou, o que quer dizer que a maioria da população recebe uma parcela menor do PIB em relação a 1996, e a participação do estado no PIB também aumentou (tirando mais ainda da população). Por isso eu usei o **salário** médio, porque ele é a única renda da maior parte da população, enquanto nem governo, nem os top 1% tem no salário sua maior renda.

Obviamente que o salário médio não desvalorizou TANTO quanto a moeda, mas ele desvalorizou significativamente. 
 Você está repleto de razão, @girinovey . Me permita refazer as contas. Me sinto envergonhado, como economista, por esquecer disso. Chamamos isso de "renda disponível" na economia.

Em 1996, a carga tributária média foi de 26,29%[1], então, dos 96,7K pãezinhos que a gente podia comprar na época, 25,4 K ficavam para o governo e nos sobravam 71,3 K. Já em 2022, a bocada foi de 33,71%[2], então, dos 89,7K pãezinhos que a gente conseguia comprar, 30,2K iam para o governo e nos sobravam só 59.5K. 

Corrigindo, isso implica no fato de termos ficado 16% mais pobres nesse período. Isso continua sendo menos do que os 17% inicialmente calculados por mim usando o salário mínimo. Ainda assim, eu peço para te lembrar que estamos usando o preço do pãozinho de 1994, então, tenha em mente que, a bem da verdade, é ainda menos do que 16%.

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Fontes: 
[1] https://observatorio-politica-fiscal.ibre.fgv.br/sites/observatorio-politica-fiscal.ibre.fgv.br/files/u52/ctb_1990-2020.xlsx
[2] https://ibre.fgv.br/blog-da-conjuntura-economica/artigos/em-2022-carga-tributaria-no-brasil-foi-maior-desde-1990-para 
 Me perdoe por ter esquecido de dipôr sobre o ponto da desigualdade, @girinovey ;

Conforme o Índice de Gini, a desigualdade não aumentou[1]. Pelo contrário, diminuiu bastante: de 59.8 em 1996 para 52 em 2022. Sendo assim, a média real das variáveis que estamos tratando estão mais exatas em 2022 do que em 1996,o que tornaria os 16% recém apurados por mim menores, e, ainda menores, se considerar o já multirreferido fato de que os valores dos paẽzinhos aqui utilizados são de 1994 e não de 1996.

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Fontes
[1] https://data.worldbank.org/indicator/SI.POV.GINI?locations=BR