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 Deus deu uma proposta exclusiva para vc: participar ativamente, juntamente com Ele, no processo de criação do mundo.

Deus, na sua Sua infinitude, contraiu-se para criar algo finito a partir de algo infinito. Só assim Ele pode criar o mundo, o universo. Foi um gesto de humildade.

Ao deliberadamente limitar-se, Deus permitiu que outras existências surgissem além da Dele própria.

Podemos fazer o mesmo para que outras pessoas floresçam. Deixar de nos colocarmos no centro de tudo e dar espaço para os demais. Um exemplo disso é o exercício da paternidade.

A criatividade floresce quando nos abstemos de algo. Isolar-se, permanecer em silêncio, praticar jejum, abstinência sexual irá redirecionar nossa energia para que outras coisas surjam, sejam criadas na nossa vida. Arte, filosofia e crescimento pessoal se desenvolvem assim. 
 Esse gesto de Deus é conhecido na tradição cabalística como צמצום (tzimtzum), q pode significar “contração”, “retração”, “demarcação”, “restrição” e “concentração”.

Deus, sendo onipresente, existindo além do tempo e do espaço antes da criação, retira uma parte de sua presença infinita para si mesmo. Com este gesto divino, Deus se restringe em צמצום, criando um espaço vazio que é necessário para a criação.

A emanação e a criação do mundo são então capazes de ocorrer após este ato de צמצום. Neste processo, Deus limita sua onipotência, para que um mundo finito possa existir dentro de contornos finitos. Sem צמצום, não haveria criação. 
 Tudo indica que, no צמצו, onde espaço, tempo e tudo o que existe nesse universo estão condensados juntos é provavelmente a singularidade que causou o Big Bang e criou o mundo físico que conhecemos. Mas essa é só uma das camadas da realidade que Deus criou.

Alguns cabalistas acreditam que o processo de צמצו é recorrente, que a criação não foi um ato de uma vez só, que ela ocorre o tempo todo e novos mundos, realidades, universos são criados o tempo todo, o que concorda com a teoria da física dos multiversos.

Cabe frisar que a "retração" (צמצו) de Deus não é LITERALMENTE uma retração, mas uma retração metafórica, sendo uma tentativa de descrever um ato de algo infinito e incompreensível pra mente humana que é a natureza última de Deus, chamada de "Ein Sof". 
 A mente humana, no estado atual, é incapaz de compreender a natureza última de Deus em toda tua plenitude. No entanto, podemos compreender e estudar as emanações de Deus na criação que são ecos da sua natureza última e contém centelhas, faíscas da própria Divindade. 
 Olha, mesmo contrário a hipótese de multi versos, há tempos eu não leio algo com tanta substância.