A Demagogia do Salário mínimo O anúncio do aumento do salário mínimo não cobre sequer os mínimos. Em nenhum lugar do país é possível viver com 850 euros. Mas, o salário real hoje para viver com o mínimo (rendimento adequado) em Lisboa ou Porto e em várias cidades do país situa-se nos cerca de 3 mil euros por casal com um filho. Ou seja, o salário mínimo paga apenas 60% do mínimo. Isto inclui o mínimo de decência para viver, pagar habitação, saúde, educação. Esta conta é feita assim: 2019 era cerca de 2500 euros, com o aumento de preços, mais de 20% na alimentação, e na habitação, chega-se a este valor. Um deputado europeu aufere 15 mil euros mês, com todos os subsídios e o salário líquido de um deputado nacional está acima dos 5 mil euros, com os extras. Ou seja ganham respetivamente 6 vezes mais e 18 vezes mais do que aqueles que dizem representar e falar em nome de.O CEO da Galp – empresa construída com o nosso dinheiro – recebeu em 2021, 1,23 milhões de euros. O Novo Banco, salvo com o nosso dinheiro, pagou 2,7 milhões de euros em prémios à administração em 2023. O CEO da Jerónimo Martins ganha 4600 euros dia (repito – dia). Ou seja, 100 vezes – cem vez mais – do que aqueles que trabalham na Jerónimo Martins, cuja administração não trabalha, gere trabalho (é muito diferente) . Não há duas formas de resolver isto, só há uma – expropriar estas grandes empresas, como se fez durante a revolução dos cravos, e colocar um salário mínimo de 1500 euros e médio de 3 mil, líquido, sendo que nenhum representante politico ou gestor deve ganhar mais do que o salário médio. Tudo o resto é demagogia porque com 850 euros ninguém vive. E taxar a classe média, como tem defendido Susan Peralta ou Judice, em vez de atacar a origem do problema, a concentração de riqueza, é não compreender que a classe média em Portugal está a ganhar o salário mínimo real (2 mil euros), que é com isso que paga contas e nada mais faz. https://raquelcardeiravarela.wordpress.com/2024/09/30/a-demagogia-do-salario-minimo/