“Sempre foi assim: no limiar entre 1800 e 1900, com a ascensão da sociedade de massa; no movimento constitucionalista; no sufrágio universal; na democracia representativa; nos partidos de massa; nos meios de comunicação. As coisas mudaram, pero no mucho: as pessoas se empolgaram, mas as elites encontraram uma forma de se manter no poder. Em resumo, “tudo mudou para que nada mudasse”. Com as eleições, o povo vota, mas o cardápio é fechado: quem escolhe os candidatos são os caciques dos partidos. “Não somos nós a elege-los, são eles a se fazer eleger”, dizia Michels; as elites continuam tendo mais poder. Desde sempre já estavam no poder; cederam um pouco, mas não totalmente, só o suficiente para aplacar a animosidade e se manter no poder".
“A política, especialmente em países pobres ou de renda média, não é explicada pela participação, pela opinião pública, pela vontade popular e por instâncias que vêm de baixo. Esse pode até ser o ideal de muitos, mas não é o mundo real. O que explica a política é a elite, que tem a caneta na mão. Não somos nós que mandamos, não somos nós que delegamos a eles o poder, eles não são nossos representantes. O poder não se delega, se toma".
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