Corte de gastos e dificuldades temporárias: O que se sabe sobre o Departamento da Eficiência de Elon Musk no governo dos EUA https://s2-g1.glbimg.com/YVUfWVez71o5RUzAcLnjtsACrvU=/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/K/G/ludSMZRCasSBFSPQj8ig/2024-10-28t050020z-637136349-rc2msaau1y3r-rtrmadp-3-imf-worldbank-usa-election.jpg Bilionário terá como missão simplificar burocracia governamental e eliminar desperdícios. Musk planeja cortar US$ 2 trilhões em gastos, mas meta pode ser difícil de ser alcançada. Trump cumpre promessa e anuncia novo departamento no governo para Elon Musk O bilionário Elon Musk irá liderar o Departamento de Eficiência Governamental no próximo mandato de Donald Trump. A partir de janeiro, o empresário, dono da Tesla e da SpaceX, terá um papel importante no governo dos Estados Unidos: cortar gastos e reduzir burocracias. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Trump confirmou Musk no governo na noite de terça-feira (12). No entanto, o republicano já havia prometido que o bilionário trabalharia em uma comissão de eficiência durante a campanha presidencial. Musk foi um dos principais investidores da campanha de Donald Trump e desembolsou cerca de US$ 200 milhões (R$ 1,15 bilhão) para ajudar a eleger o republicano. Recentemente, ele disse que vai trabalhar para cortar até US$ 2 trilhões em gastos desnecessários no governo. Para esta missão, o bilionário trabalhará ao lado do empresário Vivek Ramaswamy. O futuro parceiro de Musk no Departamento de Eficiência também é bilionário e trabalha no setor de biotecnologia. Ramaswamy tentou ser o indicado do Partido Republicano para a presidência, mas desistiu da campanha no início deste ano. Logo depois, ele apoiou Trump na corrida eleitoral. Nesta reportagem você vai saber: O que Trump espera do departamento? Quais gastos Musk quer cortar? Qual a experiência de Musk em cortes de gastos? Os EUA já tiveram um departamento do tipo no passado? 1. O que Trump espera do departamento? Donald Trump, ex-presidente e candidato a um novo mandato na Casa Branca, durante comício em Michigan Carlos Barria/Reuters Ao anunciar Musk no governo, Trump disse que o Departamento de Eficiência terá como objetivo eliminar o desperdício de dinheiro público e fraudes no orçamento norte-americano. Segundo o presidente eleito, Musk e Ramaswamy deverão fazer mudanças na burocracia federal, com foco na eficiência e na redução de regulamentações excessivas. "O Departamento de Eficiência Governamental fornecerá conselhos e orientações vindos de fora do governo e trabalhará com a Casa Branca e o Escritório de Administração e Orçamento para impulsionar reformas estruturais em larga escala", anunciou Trump. O presidente eleito deseja que o órgão crie uma abordagem empreendedora para o governo. Para que isso aconteça, Musk e Ramaswamy deverão sugerir reestruturações nas agências federais. Trump disse que a expectativa é que o departamento conclua seus trabalhos até 4 de julho de 2026, quando os Estados Unidos comemorarão 250 anos de independência. Ou seja, os bilionários terão um ano e meio para sugerir mudanças no governo. LEIA TAMBÉM Elon Musk promete 'máxima transparência' no comando do Departamento de Eficiência dos EUA 'Novo Trump', avesso à política: quem é Vivek Ramaswamy, filho de imigrantes que comandará 'pasta da eficiência' com Elon Musk Argentina coloca em circulação nova nota de 20 mil pesos 2. Quais gastos Musk quer cortar? O bilionário Elon Musk durante evento de apoio a Trump em NY Evan Vucci/AP Em outubro, Musk disse que o orçamento federal deveria ser reduzido em, pelo menos, US$ 2 trilhões. O bilionário afirmou que isso seria possível diminuindo a burocracia governamental. Musk admitiu que as medidas podem causar "dificuldades temporárias" para os americanos. No entanto, ele defende que as mudanças trarão prosperidade a longo prazo. Apesar da meta ambiciosa, especialistas afirmam que dificilmente Musk conseguirá cortar US$ 2 trilhões de gastos do governo. Em 2024, o orçamento dos Estados Unidos foi estimado em US$ 6,5 trilhões. Desse total, US$ 1,9 bilhão foi destinado a despesas não obrigatórias. Ou seja, em comparação com o orçamento deste ano, Musk teria pouca margem de manobra para reduzir os gastos dos Estados Unidos. Além disso, ele pode enfrentar entraves no Congresso. Por outro lado, o bilionário pode apostar em desregulamentação de setores da economia. A inteligência artificial e as criptomoedas são áreas de interesse para Musk. A imprensa norte-americana aponta que Musk e Ramaswamy também podem trabalhar para reduzir custos e enfraquecer agências federais diretamente relacionadas às empresas de ambos. Musk, por exemplo, teve embates com reguladores da Administração Federal de Aviação, que supervisiona os lançamentos de foguetes, e da Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário, que está investigando as funções de direção autônoma em carros da Tesla. Já Ramaswamy fez várias críticas à FDA, agência que controla autorizações para alimentos e medicamentos. Ele chamou as regulamentações da agência de "hipócritas, prejudiciais e inconstitucionais", em 2023. 3. Qual a experiência de Musk em cortes de gastos? Elon Musk entra na sede do Twitter carregando uma pia Reprodução/Twitter No setor espacial, Musk investiu no desenvolvimento de tecnologias para reduzir drasticamente os custos de lançamento de foguetes. Isso possibilitou a abertura de novos mercados e revolucionou a indústria de comunicações por satélite, principalmente com a Starlink. Por outro lado, uma das experiências mais recentes de Musk com cortes de gastos foi publicamente observada no "X", o antigo Twitter. Após comprar a rede social, o bilionário demitiu cerca de 3.700 funcionários — o que representava metade da força de trabalho da empresa. Ele também fez reestruturações internas para tentar uma melhor eficiência do X. No entanto, o valor de mercado da rede social caiu drasticamente. Musk pagou cerca de US$ 44 bilhões na compra do então Twitter, em 2022. Relatórios recentes apontam que a empresa perdeu 80% do valor de mercado desde então. 4. Os EUA já tiveram um departamento do tipo no passado? O ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan BBC A ideia de Trump não é revolucionária. Na década de 1980, o então presidente Ronald Reagan anunciou que reuniria um grupo de especialistas do setor privado para recomendar formas de eliminar ineficiências e desperdícios. Na época, 150 líderes empresariais trabalharam de forma voluntária em um comitê executivo para revisar o funcionamento de agências federais e funções governamentais. Mais de 2.500 recomendações foram feitas. “A maioria das recomendações, especialmente aquelas que exigiam legislação do Congresso, nunca foi implementada”, segundo a Biblioteca Reagan. Já em março de 2017, Trump assinou uma ordem executiva com o objetivo de melhorar a eficiência, a eficácia e a responsabilidade das agências federais e de “eliminar ou reorganizar agências federais desnecessárias”. A ordem determinava que cada agência federal apresentasse um plano proposto de reorganização. Ele também assinou uma ordem executiva separada para incluir grupos de trabalho e oficiais de “reforma regulatória” dentro das agências federais. Durante o primeiro mandato, Trump tentou extinguir pelo menos 19 agências federais, mas não teve sucesso. VÍDEOS: mais assistidos do g1 https://g1.globo.com/mundo/eleicoes-nos-eua/2024/noticia/2024/11/14/corte-de-gastos-e-dificuldades-temporarias-o-que-se-sabe-sobre-o-departamento-da-eficiencia-de-elon-musk-no-governo-dos-eua.ghtml