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 Mais de 92% dos mortos pela polícia do Amazonas em 2023 eram negros ou pardos, aponta relatório

 <img src="https://s2-g1.glbimg.com/85YBGIdLRF9jfgKSkN91vBe5Hyk=/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/y/c/9e6AxrRYmjWXAOwejb1A/especial-consciencia-negra-frame-6986.jpeg"/>     Este foi o primeiro ano em que o estado entrou no monitoramento da Rede de Observatórios da Segurança, que analisa a letalidade policial entre a população negra. Mais de 92% dos mortos pela polícia do Amazonas em 2023 eram negros ou pardos, aponta relatório.
Frederico Dávila/TV Globo
Em 2023, cerca de 92,6% das mortes causadas por intervenção policial no Amazonas envolveram pessoas negras ou pardas, segundo o relatório da Rede de Observatórios da Segurança. Este foi o primeiro ano em que o estado foi incluído no monitoramento da rede, que foca na letalidade policial entre a população negra. Manaus concentra quase metade das vítimas, todas do sexo masculino.
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O estudo identificou 59 mortes em 2023, das quais mais de 90% eram de pessoas negras. No entanto, mais da metade dos casos (54,2%) não informaram a cor ou raça das vítimas, destacando a falta de transparência nos dados.
O boletim também alerta para a classificação racial inadequada, que dificulta uma análise mais precisa da realidade. A população indígena, muitas vezes registrada como parda, é invisibilizada pelos critérios de classificação. No Amazonas, 24 das 27 vítimas com dados de cor foram classificadas como pardas, o que prejudica uma análise étnico-racial detalhada.
Além disso, o relatório destaca uma mudança na distribuição territorial das mortes. Em 2022, a capital concentrava 61,6% dos casos, mas em 2023, 54,2% das vítimas eram do interior, com Rio Preto da Eva, uma cidade pequena, acumulando 15,3% dos óbitos, apesar de não ser um polo do tráfico de drogas, o que desafia a principal justificativa para a violência policial.
A pesquisa também revela que a juventude foi a mais afetada, com 69,5% das vítimas entre 12 e 29 anos. A pesquisadora Tayná Boaes, da Rede de Observatórios da Segurança no Amazonas, ressaltou a importância de monitorar esses dados, apontando a necessidade de políticas públicas eficazes e a investigação de possíveis conexões entre a Segurança Pública e o tráfico de drogas.
Mortes revelam um padrão
O boletim Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão, organizado pela Rede de Observatórios da Segurança, destaca a alta letalidade nas ações policiais em 2023. 
Em média, sete pessoas negras foram mortas pela polícia a cada dia nos nove estados monitorados — Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. 
No total, foram registradas 4.025 vítimas de letalidade policial, das quais 3.169 tinham suas raças ou cores informadas. Destas, 87,8% (2.782) eram negras.
"Assim como aconteceu em 2019, primeiro ano de monitoramento para o boletim Pele Alvo, 2023 se destaca por ser ano de início do mandato de novos governadores estaduais. E é revoltante e angustiante não ter havido mudanças concretas em políticas públicas de segurança, considerando principalmente as desigualdades raciais. O que continuamos a observar são ações bárbaras sob a justificativa de guerra às drogas, com um impacto brutal para a sociedade, principalmente para a população negra, e a persistência de um padrão da letalidade policial", disse a cientista social Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança.
Sobre a Rede de Observatórios da Segurança
A Rede de Observatórios é uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) dedicada a acompanhar políticas públicas de segurança, fenômenos de violência e criminalidade em nove estados. Atuamos na produção cidadã de dados com rigor metodológico em parceria com instituições locais e sociedade civil. O objetivo é monitorar e difundir informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos.

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