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 mais um conto de 2020

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Uma pedra em um morro gramado do lado direito da estrada lhe chamara atenção. A mulher com um vestido longo e cheio de babados na ponta tirou seus sapatos, colocou os pés na grama e subiu o morro até se recostar na pedra.

Ela deixou os sapatos marrons dispostos ao seu lado e ficou observando a estrada e um monte do outro lado. Lá ela avistou uma árvore com o tronco fino e galhos com poucas folhas nas pontas. Seu olhar parou um pouco para contemplar aquela vista.

O vento soprava forte e a árvore se movia como se dançasse com seus muitos braços magros. A mulher sentiu a dança e começou a mover seus braços também, não tão magros, mas também quase desnudos.

Até que ela viu alguém na estrada. Ficou quieta porque não queria ser vista. A pessoa lá na estrada foi se aproximando do ponto em que ela parou antes de subir e, ela percebeu, é um homem. Ele não a viu, na verdade nem olhou para o lado direito da estrada, apenas avistou o lado esquerdo.

Ele tirou seus sapatos, subiu o morro e se recostou na árvore fina, mas firme, e colocou seu calçado preto ao seu lado.

A mulher continuou olhando para ele imóvel, até que ele levantou a cabeça e a viu. Sem premeditar, ele fitou diretamente seus olhos verdes do outro lado da estrada. Ela queria, mas não conseguiu desviar o olhar.

Os dois se olharam por alguns minutos até que um deles se moveu. Não se sabe qual porque em poucos segundos o outro se movimentou também.

A mulher se levantou com delicadeza e elegância. O homem também. Eles carregaram seus sapatos em suas mãos e não os colocaram nos pés quando tocaram de novo a estrada.

A lua nova começava a apontar no céu. Os dois foram se aproximando do centro da estrada. Quando se encontraram, o vento soprou forte lhes convidando para uma dança. Eles dançaram até que a lua parecia estar bem acima deles.

Nesse momento os dois se olharam novamente e sorriram. A mulher com os sapatos pretos seguiu para uma direção da estrada e o homem com os sapatos marrons foi para a outra.