Citada em questão do Enem, conheça a 'Língua da Tabatinga', patrimônio imaterial de cidade no interior de MG <img src="https://s2-g1.glbimg.com/91Ct8Kf2nsn8Btvwt3u__RlauDw=/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/2/R/CH1BEWR52PRvLAH9Ar8w/whatsapp-image-2024-11-07-at-17.34.45.jpeg"/> A língua surgiu na região da Tabatinga, em Bom Despacho, no Centro-Oeste de Minas que, nos tempos da escravidão, foi um território quilombola nos anos de 1700. Marli Costa, uma das guardiãs da língua, celebrou ao ver uma questão sobre o dialeto na prova do Enem. Questão do Enem que fala sobre a 'Língua da Tabatinga', de origem quilombola que vive em Bom Despacho, no Centro-Oeste de Minas Rosimaire Santos/Divulgação No último domingo (3), foi aplicada a primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, com redação e 90 questões de linguagens e ciências humanas. Entre essas questões, uma chamou atenção ao mencionar a história da "Língua da Tabatinga", uma tradição preservada em Bom Despacho, no Centro-Oeste de Minas Gerais. 🔔 Receba no WhatsApp as notícias do Centro-Oeste de MG A Língua da Tabatinga tem origem no povo Banto, da África Central, que engloba diversas etnias e culturas africanas. Antes mesmo da fundação da cidade de Bom Despacho, a região já era habitada por aldeias de escravos fugitivos, que se estabeleceram ali em busca de liberdade, por volta de 1700. Foi nesses primeiros assentamentos que a língua começou a se formar, combinando elementos do português arcaico com o banto, como uma forma de comunicação secreta para evitar o entendimento por senhores e capatazes da época, segundo a historiadora Bárbara Freitas. “Quando eles queriam falar alguma coisa que os brancos não poderiam entender, eles falavam na Língua da Tabatinga”, completou. Entre 1755 e 1800, a resistência quilombola na região de Tabatinga — hoje, Bairro Ana Rosa — enfrentou milícias vindas de Pitangui, que tentavam reprimir os habitantes do quilombo. No entanto, a cultura e a língua persistiram, atravessando gerações até os dias atuais. Marli Costa, uma das guardiãs da Língua da Tabatinga, celebrou ao ver uma questão sobre o dialeto na prova do Enem. Para ela, a menção foi uma vitória para toda a comunidade. Marli conta que aprendeu a língua ainda criança, aos cinco anos, sob a orientação de Dona Fiota, uma das mais antigas conhecedoras do dialeto. “Dona Fiota achou que precisava ensinar o dialeto para nós, para que a gente preservasse a língua. Na nossa comunidade, que era só de pessoas pretas, sofríamos muita discriminação, e ela quis nos dar uma forma de defesa contra quem nos criticava”, relatou. Algumas expressões da Língua da Tabatinga Patrimônio imaterial Povo quilombola que preserva a Língua da Tabatinga em Bom Despacho Reprodução/Redes sociais Desde 2019, a Secretaria de Cultura de Bom Despacho, tentava o registro da Língua da Tabatinga, para torná-la um patrimônio e bem imaterial, e também preservar sua identidade. “Quando foi feito esse registro, foram acordadas várias ações que têm o objetivo de salvaguardar essa língua de forma a torná-la conhecida e valorizada, garantindo inclusive a permanência da língua africana em Bom Despacho. Foi muito importante, porque aí nós temos que fazer divulgação, buscar oficinas, buscar esses falantes que detêm o conhecimento para que outras pessoas, a geração mais jovem, possa conhecê-la”, disse Rosimaire dos Santos, secretária de Cultura. Em 2021, Bárbara Freitas, durante uma reunião, reforçou a necessidade do registro para evitar a perda dessa herança linguística. Em dezembro de 2023, o prefeito Bertolino da Costa Neto assinou o decreto que declarou a Língua da Tabatinga como Patrimônio de Natureza Imaterial, em reconhecimento aos seus valores históricos, culturais e simbólicos. Com a assinatura do decreto, a Língua da Tabatinga foi oficialmente registrada como parte do patrimônio cultural de Bom Despacho, marcando um importante passo na preservação de sua memória e legado. Povo quilombola que preserva a Língua da Tabatinga em Bom Despacho Reprodução/Redes sociais Enem 2024: mais de 21 mil candidatos farão a prova em Divinópolis e região Banda Black Pantera mineira vira referência para tema da redação no Enem 📲 Siga o g1 Centro-Oeste MG no Instagram, Facebook e X VÍDEOS: veja tudo sobre o Centro-Oeste de Minas https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2024/11/10/citada-em-questao-do-enem-conheca-a-lingua-da-tabatinga-patrimonio-imaterial-de-cidade-no-interior-de-mg.ghtml