Meu pai tem uma história e tanto com o nome dele! Não posso entrar em muitos detalhes para manter a anonimidade, mas vamos chamá-lo de José Philippe (nome fictício para proteger a identidade real).
Ele foi registrado pouco antes do Acordo Ortográfico de 1945, então seu nome foi escrito como José Philippe. Só que em 1945, o tabelião do cartório decidiu que a reforma ortográfica deveria se aplicar também aos nomes. Assim, todas as certidões que ele emitiu passaram a ter o nome "modernizado" como José Felipe. E meu pai passou a vida inteira achando que se chamava José Felipe. Até que...
Já com seus 30 anos, depois de ter sido padre, pedreiro, retirante em São Paulo, militante comunista e finalmente estudante universitário, ele resolveu se casar com minha mãe. Para casar, você precisa de uma certidão de nascimento emitida há menos de 6 meses. Então, ele foi até sua cidade natal, emitiu uma certidão e... lá estava "José Philippe". A igreja não aceitou, o cartório não aceitou, ninguém aceitava aquela certidão porque TODOS os documentos dele (CPF, título de eleitor, RG, Carta de Ordenação emitida pelo bispo, a carteirinha do partido comunista, enfim, TODOS) estavam com o nome "José Felipe".
Resultado? Entre tirar todos os documentos de novo e provar que ele era ele, ele contratou um advogado para entrar na justiça e trocar o nome para "José Felipe" no cartório da cidade dele.